Foto do autor, por Faell Augusto


Eu estou cheio de trens
e dentro eu danço
com os movimentos falsos
e a cintura rígida

Eu estou cheio de missas
e canto com os galos
minhas preces pretensiosas
e a cabeça mística

Eu estou cheio de cruzes
de crenças
crendices
e criancices

Eu estou cheio de índices
indícios
e vícios
de construção

Eu não existo

E me imponho
pelo silêncio
da razão

Existe apenas o controle fictício
A guerra travestida
de armistício
A vida normalizada
no ofício
no hospício

Eu não existo

Eu estou somente
no conflito
da nossa relação

Eu estou somente
no atrito
da nossa reprodução

Eu não existo
e mesmo Adão
insisto

Eu não existo
e mesmo assim
eu Cristo

Eu sujeito         (sou?)
Eu a despeito
Eu rejeito          (me)

Eu instinto
Eu distinto
Eu distintivo

Eu sujeito
(Mal feito?)

Eu objeto
(Abjeto?)

Eu não sou
Eu não estou

Eu

                           A Criação

 

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